Distribuição das Principais Espécies de Barbeiros no Brasil
Distribuição da doença na América Latina
A Doença de Chagas é endêmica em 21 países continentais da América Latina, desde o sul dos EUA até o norte da Argentina e do Chile (WHO, 2023). Inicialmente a Doença de Chagas era uma doença enzoótica selvagem, contudo, atualmente apresenta-se como uma antropozoonose à medida que os seres humanos invadiram ecótopos silvestres, ocupando espaços antes dominados por florestas (COURA, 2007). A domiciliação dos vetores está relacionada à preservação de seus habitats naturais, ao tipo de habitação humana e à disponibilidade de abrigos e alimentos, bem como ao grau de antropofilia das espécies (FORATTINI, 2006). A Organização Mundial de Saúde estima que o número de infectados é de 6 a 7 milhões de pessoas no mundo (WHO, 2023). No Brasil, a estimativa do Ministério da Saúde é que cerca de dois a três milhões de pessoas estejam infectadas. No país, a notificação às autoridades de saúde locais é obrigatória em todos os casos de Doença de Chagas aguda.
A forma primária de transmissão ocorre através do contato com as fezes de diversas espécies de triatomíneos (CHAGAS, 1909). É importante ressaltar que, embora originalmente endêmica na América Latina, a Doença de Chagas é agora considerada um problema global, devido a casos clínicos relatados em países não-endêmicos (LIDANI; ANDRADE; BAVIA; DAMASCENO et al., 2019; PÉREZ-MOLINA; MOLINA, 2018). Essa mudança no cenário epidemiológico é impulsionada pelos movimentos migratórios e demais vias de transmissão, como transfusão sanguínea, transplante de órgãos, transmissão congênita, oral e acidentes laboratoriais (VELASCO; MORILLO, 2020).
A OMS destaca algumas estratégias de controle da Doença de Chagas: reforçar a prevenção, controle, atenção e vigilância (detecção de casos, coleta de dados e notificação) em todos os países e áreas afetadas, inclusive fora das Américas; capacitar profissionais de saúde em serviço e integração da formação a todos os níveis dos serviços de saúde; coordenar a gestão do controle de vetores entre países e setores diversos (por exemplo, turismo) por meio de órgãos nacionais multissetoriais para maximizar sinergias, incluindo monitoramento da resistência de triatomíneos a inseticidas (WHO, 2023).
Referências
CHAGAS, C. Nova tripanozomiaze humana: estudos sobre a morfolojia e o ciclo evolutivo do Schizotrypanum cruzi n. gen., n. sp., ajente etiolojico de nova entidade morbida do homem. Mem. Inst. Oswaldo Cruz, 1 (2). Ago, 1909. https://doi.org/10.1590/S0074-02761909000200008.
COURA, J. R. Chagas disease: what is known and what is needed--a background article. Mem Inst Oswaldo Cruz, 102 Suppl 1, p. 113-122, Oct 2007.
FORATTINI, O. P. Biogeografia, origem e distribuição da domiciliação de triatomíneos no Brasil. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 6, p. p. 964-998, 2006.
LIDANI, K. C. F.; ANDRADE, F. A.; BAVIA, L.; DAMASCENO, F. S. et al. Chagas Disease: From Discovery to a Worldwide Health Problem. Front Public Health, 7, p. 166, 2019.
PÉREZ-MOLINA, J. A.; MOLINA, I. Chagas disease. Lancet, 391, n. 10115, p. 82-94, 01 2018.
VELASCO, A.; MORILLO, C. A. Chagas heart disease: A contemporary review. J Nucl Cardiol, 27, n. 2, p. 445-451, Apr 2020.
WHO. Sustaining the drive to overcome the global impact of neglected tropical diseases: second WHO report on neglected tropical diseases. WHO, 2013.
WHO. Chagas disease key facts. World Health Organization, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/chagas-disease-(american-trypanosomiasis). Acesso em: 19 de outubro de 2023.